A Prefeitura de Campina Grande, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), concluiu todas as etapas do Edital Poeta Zé Laurentino, que injetou R$ 720 mil em iniciativas culturais do município. Foram contemplados 18 Pontos de Cultura, garantindo a continuidade de projetos que unem tradição, identidade e inovação artística.
O edital, integra as ações do Governo Federal, a partir da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), que marcou um importante avanço para o fortalecimento da cultura de base comunitária em Campina Grande. Grupos, coletivos e entidades culturais puderam investir em atividades permanentes e ampliar sua atuação junto às comunidades.
De acordo com André Gomes, secretário de Cultura de Campina Grande, o resultado vai além do apoio financeiro: “O Edital Poeta Zé Laurentino é uma ação que reafirma Campina Grande como um polo de cultura viva e participativa. Ele valoriza quem faz cultura nos bairros, nas escolas e nos palcos alternativos da cidade, destacando a força e a relevância da comunidade nos campos culturais da nossa Rainha da Borborema”, afirmou.
A homenagem ao poeta José Laurentino da Silva (1943–2016), popularmente conhecido como Zé Laurentino, reforça ainda mais o vínculo da cidade com a cultura popular. Nascido em Puxinanã e radicado em Campina Grande, o poeta tornou-se referência na literatura de cordel e na poesia nordestina, deixando um legado reconhecido nacionalmente.
Com a conclusão do edital, Campina Grande se insere de forma ainda mais sólida no cenário nacional das políticas públicas de cultura, reafirmando o compromisso da gestão municipal em apoiar e valorizar artistas, mestres da tradição e coletivos que dão vida à identidade cultural da Rainha da Borborema.
O Grupo de Cultura Popular Ariús, fundado oficialmente em 2019, surgiu a partir de oficinas, pesquisas e apresentações realizadas desde 2015. Voltado para as danças populares, o grupo promove oficinas, espetáculos e ações sociais, como campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e brinquedos. Além de valorizar a tradição cultural, o Ariús busca multiplicar saberes, capacitar novos integrantes e estimular a criação de figurinos e adereços para seus espetáculos.
Em 2025, o grupo conquistou um importante marco: foi certificado como Ponto de Cultura pelo programa Cultura Viva e reconhecido oficialmente pela Secretaria de Cultura.
Para o diretor Roberto Gomes, a conquista reforça a relevância do Ariús na preservação e difusão da cultura popular: “é um incentivo a mais para a gente poder continuar fazendo o que a gente faz de melhor e gosta também, e nos possibilita dar outras oportunidades, trazer pessoas novas, organizar figurinos e adereços, resultando em nosso espetáculo”, destacou.
Com 30 anos de história, a Junina Mistura Gostosa também celebrou o reconhecimento. Nascida no Monte Santo em novembro de 1994, a Mistura Gostosa acumula títulos estaduais e nacional, além de ser referência por sua história consolidada e devoção à cultura nordestina.
“Esse título só reafirma o poder que o movimento quadrilheiro de Campina Grande possui. A Mistura Gostosa completou de três décadas de atuação no cenário junino, mas, principalmente de atuação dentro da cidade. Nós nascemos no intuito de estimular as práticas culturais no Monte Santo, aqui em Campina Grande, e alcançamos relevância e uma gostoso baseada no respeito e amor pela nosso movimento”, ressaltou Ivia Lídia, presidente da Mistura Gostosa.
Em Campina Grande, foram premiados diversos movimentos culturais, como as juninas Expressão Junina, Mistura Gostosa e Arraial em Paris; os grupos folclóricos Ariús, Raízes e Caetés; além do Instituto Solidarium, responsável pelo projeto Tamanquinho das Artes, Bloco da Saudade e Festival de Inverno. Também foram contemplados Maracagrande, Bumba Meu Boi Gladiador, a Feira Literária Internacional de Campina Grande (Flic), Museu Vivo do Nordeste, LAB Matulão, Ypuarana Cultural, Coletivo Alguma Coisa, Casa João de Barro, Centro Cultural Pintando o Bem, Biblioteca Comunitária do Tambor e Associação Cultural Baraúna, totalizando 18 organizações comunitárias reconhecidas por sua relevância cultural.
Cultura Viva
A Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), criada em 2004 e instituída pela Lei nº 13.018/2014, representa uma mudança na forma de atuação do Estado com as iniciativas culturais comunitárias. Em vez de criar equipamentos próprios, a política fortalece práticas culturais já existentes em comunidades urbanas e rurais, estimulando autonomia, protagonismo e diversidade cultural.
Por meio dos Pontos e Pontões de Cultura, definidos como elos entre sociedade e Estado, a PNCV promove ações que valorizam saberes tradicionais, educação intercultural e participação social. Essa política pública garante apoio continuado a iniciativas de base comunitária, descentraliza recursos e incentiva redes regionais de cultura, consolidando a cidadania cultural no país.
Codecom